A peça de Eero Enqvist “Kukunor” (com titulo original em finlandês “Kukunor ja Unikuu” ou “Kukunor e Unikuu”, adaptado para inglês como “Guardians of Dreams” – Guardiões de Sonhos) decorre na zona de fronteira entre dois países em guerra. Os temas centrais são os limites, tanto físicos como psicológicos, reais e imaginários – será possível cruzar essa fronteira? Será possível estabelecer conexão com outro ser humano independentemente da existência de fronteiras? Em “Kukunor”, um homem e uma mulher, guardiões dos diferentes lados da fronteira durante 6 anos, aprendem a comunicar entre si apesar das diferenças: culturas, línguas e sexos diferentes. A mente humana tenta sobreviver numa realidade traumática de guerra através da criação de um mundo de sonhos que, nesta peça, é tornado realidade através dos poemas de Lauri Viita.
Nesta apresentação, o idioma falado e a língua gestual são usados em pé de igualdade – o mesmo papel é representado por dois atores onde um deles apenas comunica através de língua gestual.
Todos nós já nos deparámos com situações onde temos de escolher ou tomar alguma decisão e damos por nós a discutir ou falar connosco próprios… Um ser humano tem muitas facetas – na peça essas facetas são representadas através dos tais dois actores. Assim, a língua gestual é usada nesta peça como um meio de expressão essencial, independente e artístico. A acessibilidade das artes aumenta e não é necessária interpretação adicional. Em “Kukunor” ilustra-se como é que as culturas se procuram e como é que entre elas se desafiam, ao mesmo tempo que exploram o uso do poder, as suas diferenças e semelhanças, tanto a nível geral como a partir da perspectiva individual.